domingo, 23 de janeiro de 2011

Consciência Fonológica

A consciência fonológica é uma capacidade metalinguística que implica reflexão sobre a linguagem e a sua utilização, tornando consciente o pensar e explicitar das regras estruturais da língua. Essa reflexão é potenciada pelo ensino formal e o seu desenvolvimento é fundamental para aprendizagem da língua materna, no seu modo escrito. As capacidades metalinguísticas estão presentes em diferentes categorias, sendo a consciência fonológica a capacidade para identificar, analisar e manipular, de forma consciente, as componentes fonológicas das unidades linguísticas, presentes nas tarefas de contagem, segmentação, reconstrução e manipulação silábica e fonémica.
A tarefa de segmentação e contagem silábica é uma prática consistente no ensino formal, precedendo a capacidade de manipulação das unidades fonológicas dos sons da fala, sendo também mais fácil o seu desenvolvimento. É fundamental um espaço dedicado ao treino destas competências passando pelas tarefas de identificação e manipulação tanto de sílabas como de fonemas.
São exemplos de exercícios de desenvolvimento da consciência fonológica:
Na descoberta da relação entre o oral e o escrito, entre cadeias fónicas e gráficas, não só a consciência fonológica é determinante, mas também a consciência de palavra, esta é a capacidade para segmentar uma frase nas palavras correspondentes, isolando-as do seu referente, dominando-as como unidade abstracta. Esta capacidade, na maioria das vezes, não está presente no início da escolaridade pela dificuldade em separar as palavras do seu contexto linguístico e pelo facto de as palavras no discurso oral não se apresentarem separadas. Na ausência desta competência dificilmente a aprendizagem da leitura e da escrita terá sucesso. Existem exercícios simples que permitem identificar dificuldades neste domínio. São exemplos, questionar a criança sobre “qual a palavra maior: formiga ou boi?” ou perguntar quantas palavras tem a frase “os meninos foram brincar no jardim”.

Criar a ponte entre oralidade e escrita, a passagem do uso espontâneo da língua na sua função comunicativa para um nível de reflexão, manipulação e explicitação das estruturas linguísticas, de forma objectiva, distanciada, não directamente ligada com a comunicação é fundamental para a aprendizagem. Deve, preferencialmente, ser potenciado o desenvolvimento da consciência linguística antes da entrada na escolaridade, no início desta, mas também em contexto familiar.